sexta-feira, 11 de abril de 2008

O mundo das ONGs!

Fui fundador e presidente de uma ONG alguns anos atrás. Quando decidi, junto com mais 3 pessoas, fundar essa ONG, meu objetivo era, sinceramente, dar a minha contribuição humanitária para pessoas que não tiveram a mesma sorte que eu tive na vida. As ONGs representavam, pra mim, as lacunas em que o Estado era omisso e portanto teríamos um papel importante na sociedade. Acreditava, de coração, que estava entrando num mundo acolhedor, humanitário, sem ego, sem interesses pessoais, sem ganância, sem a podridão do dia-a-dia capitalista...

Meu "mundo de Sofia" terminou logo no nosso primeiro projeto em que fui buscar patrocínio, junto a uma rede lojas de produtos naturais. O Mundo Verde. Indicaram-me uma pessoa que "tomava conta" dessa parte. Pois bem. Nosso primeiro contato foi por telefone e ela marcou um encontro na casa dela (!!!!) e não no escritório, como é de praxe (ou eu estou ficando maluco e não se faz mais dessa forma?). Cheguei na casa da pessoa, fui recepcionado como um rei! Biscoitos, chás, sucos, etc. Fiquei espantado com aquela recepção tão calorosa. Estava, mais do que nunca, convencido que aquele mundo era diferenciado, que as pessoas eram realmente mais humanas.

A medida que íamos conversando, fui vendo que essa pessoa não estava representando a loja e sim ela mesma! Tampouco estava ali para decidir se bancaria meu projeto. Estava ali para VENDER o meu projeto e ganhar em cima dele! Ou seja, agia por fora, sem o consentimento e sem o conhecimento do Mundo Verde para faturar em cima da própria loja para a qual ela havia sido contratada para fazer aquele trabalho!!! Insisti, mais de uma vez, em dizer que eu queria o patrocínio da loja e não que ela vendesse o projeto. Sem rodeios, ela virou-se pra mim e disse: "Sou eu quem toma conta dessa área. Já te digo que seu projeto nunca passará sem o meu aval. Portanto, se não quiser fazer negócios comigo, fique à vontade pra procurar outras pessoas." Fiquei sem reação por alguns instantes até que resolvi me levantar e ir embora.

Esse foi o primeiro contato que tive com os meus mais novos, e então, "coleguinhas do meio" das ONGs.

Daí em diante as decepções só foram aumentando. Só encontrava pessoas que queriam tirar proveito da situação. Só me dariam patrocínio se eu desse "algo" em troca e assim por diante.

Para ratificar as inúmeras decepções, o tempo ia passando e as pessoas que estavam comigo na ONG (fundadores) foram saindo, dando desculpas das mais esfarrapadas, me deixando "na mão", sozinho. E olha que alguns eram amigos de infância. Ficaram ao meu lado apenas dois: meu irmão e uma outra pessoa que conhecia há pouco tempo e que depois desse episódio tornou-se meu amigo. Ironia do destino.

Resumo da ópera; o que MENOS se ve no meio das ONGs é a vontade de querer ajudar os que precisam, a sinceridade, a honestidade, o espírito acolhedor.

Tudo acontece na mais podre versão dos fatos. É uma robalheira tamanha, com pessoas que "não estão nem ai" para quem precisa e sim estão dispostas a ganhar "o seu" de qualquer jeito, independente de qualquer coisa! "O negócio é faturar, meu veio", como me disse uma vez um "coleguinha".

OS FATOS:

1. Um belo dia (com 2 meses de ONG) recebi um telefonema de um amigo, dizendo que soube que eu havia "aberto" uma ONG. A família dele era tradicional, de muito dinheiro. Chamou-me pra jantarmos e conversarmos sobre a "ONG". Fiquei esperançoso, pois achava que ele estava disposto a ajudar os projetos. Pois bem, a proposta dele foi a mais surreal que pude imaginar. A empresa da família enviava dinheiro, pelo menos 3 vezes ao ano, pra fora do país para um desses paraísos fiscais e, duas vezes por ano, trazia dinheiro de volta para aplicação. A quantia que eles traziam pra cá não era menos de 20 milhões de reais por semestre. Onde entraria a ONG? Como a ONG tem imunidade de alguns impostos e pode pedir isenção de outros, esses 20 milhões entrariam no Brasil pela ONG, como se fossem pra ela (não era uma OSCIP, portanto poderia receber dinheiro de fora.) e naturalmente pagaria menos imposto, ficando com 10%. Eu fiquei embasbacado com aquela proposta. Principalmente por ter vindo de uma pessoa do meu convívio pessoal. EVIDENTEMENTE neguei.

2. Os presidentes de ONG, por lei, não podem receber QUALQUER tipo de remuneração. Então, os presidentes não vão ganhar nada? Claro que vão! Pega-se um(ns) funcionário(s) da ONG que possa(m) receber salário e esse(s) receberá(ão) um salário "gordo". Essa gordura é repassada para o presidente. É assim que funciona.

Já sei que vão perguntar. "Você, então, recebia remuneração dessa forma ilegal?". NÃO. Nunca recebi nada! Acreditem se quiserem. Muito pelo contrário. Saí da ONG tendo perdido 5 mil reais. PERDI.

3. O pai de um amigo do meu irmão era diretor de uma ONG conhecida. Sua ÚNICA fonte de renda é a ONG. Por lei, os salários de diretores de ONGs têm um teto, que não chega a 20 mil reais mensais, se eu não me engano. Pois bem, suponhamos que ele ganhe o teto (20 mil reais) menos impostos. Reduziria bem. E onde ele mora? Na Delfim Moreira, em frente a praia do Leblon. Pra quem não é do Rio de Janeiro ou não conhece, a Rua Delfim Moreira tem o m² mais caro do Brasil (em torno de 20 mil reais), com condomínios que chegam a 6 mil reais FACILMENTE. Será que é do salário que ele ganha?

Bom, só sei que quero distância desse meio. Toda vez que ouço falar em ONG, dá um arrepio.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Perdendo as esperanças...

O Fantástico de ontem, 6/04/08, mostrou mais uma vergonha do nosso país. A "compra" de ruas por flanelinhas (sic) com conivência da Guarda Municipal. Digo flanelinha, pois aqueles mostrados não eram "guardadores" registrados no município e sim flanelinhas. Foi uma grande frustração pra mim em saber que a GM estava envolvida, pois achava que ela não havia sido contaminada pela prática ilegal de ganhar dinheiro fácil. A GM ainda era minha esperança de algum "braço" do município que agisse de forma honesta. Ledo engano! Enganei-me de verde e amarelo.

Minhas esperanças de ter um povo mais honesto estão se esvaindo. O Brasil precisa mudar urgentemente em TODOS os setores!

Os guardas municipais deveriam ser os primeiros a coibir esse tipo de coisas e no entanto, juntaram-se aos bandidos. Ou seja, bandidos também são. Com um agravante, majorando a pena; são representantes de um "braço" do município.

Estou cansando de falar dessas coisas...